Quando jovem eu tinha um vizinho que treinava boxe.
Certo dia estávamos caminhando pela rua e eu fiz um gesto abrupto e ele quase me socou.
Pediu desculpas, que era o seu treino de reflexo imediato.
Sim, lutadores devem ter reflexo imediato, mas devem também ter controle imediato.
Soube pela TV de um lutador que bateu em uma jovem, sua conhecida, numa rua de São Paulo. Não estavam no ringue, não era uma luta entre iguais, do mesmo peso, da mesma medida, do mesmo treino.
Talvez fosse uma luta de amor, de amizade não correspondida? Teria sido de poder masculino sobre o feminino?
Teria sido de querer controlar a outra pessoa?
Controlar a si mesmo é a arte principal.
Uma arte marcial.
Conhecer e saber usar o corpo e a mente.
Como separar corpo mente?
É fácil provocar a raiva em outra pessoa, um olhar de pouco caso, um desrespeito, um insulto.
Mas o grande guerreiro consegue vencer essa batalha. Não pelo soco, pelas técnicas de luta física, mas pelo controle de si mesmo.
Como diz o professor Leandro Karnal “quem conhece a si mesmo não é insultado”.
Você se conhece? Sabe seu poder e sua força? Sua capacidade e quanto ainda poderá ser melhor se treinar e ouvir seus treinadores?
Quando vestimos o manto invisível da humildade, nada nem ninguém nos ofende, não nos tira do sério. O que é sair do sério? É entrar no absurdo, no não sério, no descontrolado, no fantoche, no tolo, no risível.
Fica frio, meu – é o que quero dizer a todos vocês valentes guerreiros e guerreiras, lutadores e lutadoras.
Ser capaz de controlar seu punho, sua perna, sua cabeça. Não permitir que ninguém manipule, controle você.
As pessoas querem nos controlar ou pelo amor ou pela raiva. Mas é você quem está no controle.
Mesmo quando a raiva surgir, seja logo capaz de a acalmar e dar o golpe correto.
Respiração consciente é a chave. Observe sempre como está respirando e ao notar alterações, retorne à respiração abdominal, profunda e sutil.
Algumas vezes, na rua, em casa, no bar, na vida comum, o golpe correto pode ser o não golpe, o silêncio, a humilde retirada do forte que não se dobra ao fraco, mas caminha livre pela senda da virtude.
Conheça sua própria mente, seja senhor/senhora de si mesmo e vença todas as batalhas.
Luta é no ringue, com juiz/juíza, adversário/adversaria treinado e do mesmo nível.
E, mesmo no ringue, quem consegue se manter frio e forte, seguro e decidido, sem ser controlado pelo emocional das provocações – esta pessoa, sem dúvida é a grande vencedora.
Mãos em prece
Monja Coen